Notas mais importantes da cerimónia oficial de abertura da Rio+20
Presidente do Brasil, Dilma Rousseff: destacou a importância do princípio das responsabilidades comuns mas diferenciadas (que esteve em causa nas negociações preparatórias); crise económica e financeira dão significado especial à Rio+20; uma nova visão é necessária para o futuro; transformação radical da economia do Brasil é exemplo para o mundo: 45% da eletricidade é de origem renovável; 75% das áreas de proteção da natureza criadas desde 2003 estão no Brasil; produção agrícola aumentou 180% com apenas mais 30% de área, recorrendo a novas tecnologias e maior eficiência; em 2009 (Copenhaga) a 2020, o Brasil comprometeu-se em reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa entre 36 a 39%; desenvolvimento sustentável implica crescimento da economia e distribuição de rendimentos, acesso à educação e a outros serviços; reduzir desmatamento.
Defendeu que o modelo de desenvolvimento da América Latina e da América do Sul é o caminho para a sustentabilidade. Falou de termos de ser ambiciosos, sendo o documento final resultado da conciliação e de não retroceder em relação à ECO'92. Mencionou que aliás há avanços importantes nos objetivos definidos: erradicar a pobreza como o maior desafio global; fortalecer o Programa das Nações Unidas; programa de 10 anos para produção e consumo sustentáveis; reconhece-se a insuficiência do PIB para medir o desenvolvimento; salvaguarda dos oceanos e preservação da biodiversidade e promove a redução da poluição. É a maior conferência de sempre com a participação da sociedade civil. “O futuro que queremos” não se construirá por si mesmo. Precisamos de mais dedicação: mudanças profundas de atitudes, coletivas e institucionais, mas caberá aos líderes mundiais liderar e agir.
Secretário Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon: Este é um dia fundamental para o futuro da humanidade. Há 20 anos muito foi decidido mas os nossos esforços não cumpriram o desafio. O atual modelo económico não responde às necessidades. O Rio+20 é um possibilidade de corrigirmos e estabelecermos um novo curso com dimensões ambientais e prosperidade. Estamos aqui para constituir um movimento global pela mudança. O que vemos no atual mundo? Em 2030 precisaremos de 50% mais alimentos, 35% mais energia e 30% de água só para vivermos como hoje. O desenvolvimento sustentável é o desafio maior. Fazemos história esta semana e temos um acordo para nos guiar na nossa história. Cumprimento e visão é fundamental, não esquecendo a escassez de recurso. Temos uma responsabilidade comum de agir juntos e deixar de lado os interesses nacionais e contribuir para a melhoria de todos os povos. Sabemos o que temos de fazer. Serão necessários milhares de milhões de dólares de investimento; é preciso um grande esforço e isso estará contino no documento da Rio+20. As negociações resultarão em progressos significativos. Os objetivos da sustentabilidade são consonantes com os objetivos do milénio. Juntos nós podemos dar aqui um passo gigante para um futuro melhor para as próximas gerações. [Fotos: UN Photo/Mark Garten]
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ONG temem fracasso da Rio+20 e apelam a mais ambição e vontade política
Intervenção no primeiro plenário da Rio+20 de Wael Hmaidan, da Rede de Ação Climática (que inclui a Quercus), em nome todas as Organizações Não Governamentais (ONG):
"É uma sensação incrível encontrar-me nesta sala entre os líderes mundiais, e sentir o seu poder capaz de mudar o Mundo. Nós todos sabemos que a ameaça das alterações climáticas está diante de nós, e eu não preciso repetir a urgência para a ação. A ciência é muito clara. Se a forma como as sociedades atuais vivem não mudar nos próximos cinco a dez anos, estaremos a ameaçar a sobrevivência das gerações futuras e de todas as espécies vivas do Planeta. No entanto, os líderes mundiais estão sentados nesta sala e têm o poder de reverter esta situação. O que podem fazer aqui é o ideal de cada um de nós: a oportunidade de salvar o Planeta do colapso climático.
No entanto, a Cimeira Rio +20 está à beira de ser outro fracasso entre negociações, em que os governos de todo o Mundo tentam proteger os seus interesses específicos em vez de inspirar mais fé na humanidade e de que tanto precisamos. Se este fracasso acontecer, será um grande desperdício de energias e uma grande perda de oportunidade para uma verdadeira liderança global.
O documento final desta Cimeira Rio+20, intitulado "O Futuro Que Queremos", não poderia ser mais infeliz, por não fazer qualquer menção sobre os pontos de inflexão das tendências globais ou os limites de capacidade de carga da Terra. O texto, na sua redação atual, está completamente fora do contexto da realidade global. É importante deixar muito claro: as organizações não governamentais (ONG) de todo o Mundo, presentes aqui no Rio de Janeiro, de modo algumsubscrevem este documento.
Mais de 1.000 organizações e indivíduos assinaram, em apenas um dia, a petição intitulada "O Futuro Que Não Queremos" que se opõe claramente ao documento final desta Cimeira por não refletir de forma alguma a nossa aspiração. Portanto, as ONG exigem que as expressão "em plena participação com a sociedade civil" seja removida do primeiro parágrafo do documento final. Se este texto for adotado na sua redação atual, os líderes mundiais vão deixar de poder garantir um futuro para as gerações vindouras, incluindo os seus próprios filhos. Cito alguns exemplos de falhas no documento:
Na secção sobre a procura de recursos financeiros para implementar o desenvolvimento sustentável, podemos constatar que vários países utilizam o argumento da crise económica como uma desculpa, enquanto ao mesmo tempo gastam biliões de dólares em subsídios para os combustíveis fósseis, a indústria mais lucrativa do mundo. A primeira coisa que os líderes mundiais podem fazer é eliminar os subsídios ineficientes e perversos, sobretudo atribuídos à produção e consumo de combustíveis fósseis, uma questão que foi eleita como prioritária durante o diálogo com a sociedade civil.
Na seção sobre os oceanos, os líderes mundiais têm falhado nas negociações para estabelecer um acordo global para acabar com a exploração dos oceanos e mares.
Existem muitas falhas no documento final desta Cimeira Rio+20 relacionadas com a saúde reprodutiva da mulher, as oportunidades perdidas para negociar novos acordos globais sobre a participação da sociedade civil e comunicação da sustentabilidade, a extraordinária falta de referências a conflitos armados e energia nuclear (especialmente à luz do desastre de Fukushima), entre outras.
Mas não é tarde demais. Nós, ONG, acreditamos que este não é o fim. Estamos aqui por mais três dias, e os líderes mundiais ainda podem inspirar-nos e aos cidadãos de todo o Mundo. Seria uma vergonha e um desperdício os líderes mundiais virem a esta Cimeira apenas para assinar um documento. Nós apelamos a mais ambição e vontade política para as ONG da sociedade civil aplaudirem de pé os representantes dos Governos de todo o Mundo, num espírito de verdadeira liderança.
Muito Obrigado!" [vídeo da intervenção em inglês]
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O filme que abriu a Rio+20: "Bem-vindo ao Antropoceno"
O Secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, abriu a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, com a apresentação do vídeo "Bem-vindo ao Antropoceno", uma produção do International Geosphere-Biosphere Programme. Veja-o aqui:
Welcome to the Anthropocene from WelcomeAnthropocene on Vimeo.
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Proposta da Quercus "O que nos une a todos – O Condomínio da Terra" é apresentada amanhã em evento paralelo na Rio+20
A Quercus estreia amanhã o documentário "O que nos une a todos – A Contabilidade da nova economia", que aborda várias questões estruturais que o desafio da sustentabilidade nos coloca. A apresentação decorrerá entre as 14h e as 15h45 (a partir das 18h de Lisboa), no Espaço Arena da Barra, Auditório ARN-2, localizado na Avenida Embaixador Abelardo Bueno, 340, Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro e irá contra com a presença da Ministra da Agricultura, Mar e Ordenamento do Território.
A primeira questão abordada é o problema da dispersão dos benefícios (serviços de ecossistema) e encargos (poluição) que se dispersam por todo planeta. Para capturar estas “externalidades”, a Quercus avança com a proposta da constituição de um suporte jurídico global e a construção um sistema de contabilidade sobre este património comum. Para a constituição deste suporte, propõe-se a utilização de uma aproximação jurídico-formal da noção de Património Comum da Humanidade aos sistemas climático e oceânico, reconhecendo a existência de um Património Natural Intangível da Humanidade.
Esta abordagem implica a obtenção de um Ecosaldo de cada país relativamente à manutenção dos sistemas naturais globais, a institucionalização da sua gestão e a criação de um sistema de acertos de contas e compensações, baseado em princípios de reciprocidade, equidade e justiça. O documentário é todo filmado em Portugal, recorrendo a imagens aéreas, às quais se juntam animações multimédia, tornando possível visualizar as relações de consumo e disponibilização de serviços ambientais a nível local e global.
Este evento paralelo da Rio+20 conta a participação do IIDMA - Instituto de Internacional de Derecho Medio Ambiental de Madrid, a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e a Câmara Municipal de Gaia”.
Rio de Janeiro, 20 de junho de 2012
A Direção Nacional da Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza
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Jovem pede aos países na Rio+20 que "cumpram o que prometeram" há 20 anos
Vinte anos depois do discurso de Severn Suzuki que marcou a Eco 92, uma jovem estudante neozelandesa pediu aos chefes de estado reunidos na Rio+20 que cumpram as promessas feitas na Eco 92. "O meu nome é Brittany, tenho 17 anos e sou uma criança. Neste momento sou todas as crianças, as vossas crianças, três mil milhões de crianças. Pensem em mim como metade do mundo", disse Brittany Trilford no discurso que inaugurou o primeiro plenário da Rio+20. "Prometeram combater as alterações climáticas, garantir o acesso universal à água potável e à alimentação, respeitar o ambiente. As promessas foram feitas mas o nosso futuro continua ameaçado", lamentou, antes de dizer aos representantes de cada país que têm 72 horas para decidir o futuro da humanidade. "Acertei o meu relógio e o tempo está a passar: tic, tic, tic. Nós, a próxima geração, exigimos mudança e acção para que tenhamos um futuro. Coloquem os nossos interesses acima de tudo e de forma corajosa e ousada façam o que devem. Estou aqui a lutar pelo meu futuro e quero pedir-vos que pensem por que estão aqui. Estão aqui para salvar a vossa face ou para nos salvar?", questionou. [vídeo oficial]
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Hoje é Dia de Ação Global pelo planeta
Hoje, 20 de Junho, é o Dia da Ação Global. As organizações que fazem parte da Cúpula dos Povos estão a mobilizar-se em duas marchas. Pela manhã, num ato simbólico de solidariedade com a comunidade da Zona Oeste da cidade ameaçada pelas obras das infraestruturas dos Jogos Olimpicos. À tarde, a partir das 15h, o Centro do Rio de Janeiro será palco de uma Marcha em Defesa dos Bens Comuns e Contra a Mercantilização da Vida.
Mas as mobilizações não são apenas no Rio. Haverá manifestações em diversas partes do mundo por justiça social e ambiental. Para os organizadores, esta marcha tem por objetivo "denunciar as causas estruturais da crise e as falsas soluções e seus criadores querem impor. Promover as soluções reais dos povos para erradicar a injustiça social, económica e ambiental".
Ao cair da noite de ontem, o trânsito já de si caótico da cidade do Rio de Janeiro, teve um acréscimo de perturbação, algumas centenas de manifestantes, entre os quais o Movimento dos Sem Terra, Via Campesina da Bolívia entre muitos outros, manifestavam-se no centro da cidade.
Durante a tarde num dos auditórios existentes na Cúpula dos Povos, com uma assistência que ocupava por completo o espaço e com a presença de Marina Silva, ex-ministra do Ambiente do Brasil, a indiana Vandana Shiva na sua intervenção sobre a agricultura nas pequenas comunidades e da importância da recolha de sementes para preservar as biodiversidades locais e também como forma de passagem da memória coletiva entre gerações, afirmava que a "Monsanto não é Deus para modificar as sementes", numa alusão a esta multinacional. No final, num ato simbólico, a índia Pataxó do estado da Bahia colocava no pescoço da Shiva um colar de sementes.
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“Grandes grupos” / Sociedade civil - Declaração Comum na Rio+20
(declaração assumida pela Quercus como organização não governamental)
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Delegação brasileira anuncia novo texto de consenso para a Rio+20 que começa hoje
Conferência de imprensa realizada na terça-feira à tarde para anunciar o resultado das negociações, nomeadamente o consenso em torno do documento final: