Cúpula dos Povos começou hoje
A Quercus já esteve esta manhã no Aterro do Flamengo onde começou hoje Cúpula dos Povos que se prolonga até 23 de Junho, uma organização da sociedade civil, com destaque para os povos indígenas da Amazónia. Uma conferência alternativa (e com visões até bastante opostas e uma forma de discussão muito diferente, aberta à intervenção e participação de todos) que tem um acampamento, atividades culturais e muitos espaços de divulgação e discussão, bem como de partilha de produtos artesanais. Haverá as “plenárias de convergência” e a “assembleia dos povos”, e uma mobilização geral dia 20 de Junho, atividades em que a Quercus participará, para além de seguir os trabalhos oficiais da Rio+20.
"Como podem vir falar de ambiente quando são eles (quem está na Rio+20) que destroem as nossas florestas e a nossa água?” – dizia o cacique Magaron, chefe índio que hoje falava neste espaço.
Mais fotos e mais detalhes para seguir hoje ao longo do dia.
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Quercus interpela o Setor Financeiro a adotar a “declaração do capital natural”
Por ocasião do lançamento da "Declaração do Capital Natural" pela UNEP, a 16 de Junho, no Rio+20, a Quercus incentiva as empresas portuguesas do sector financeiro a subscrever o documento e a trabalhar para integrar o Capital Natural nos seus produtos e serviços financeiros.
No âmbito do projeto Empresas e Biodiversidade, a Quercus selecionou alguns sectores que são considerados prioritários pela Comissão Europeia para integrarem a biodiversidade nas suas estratégias e operações, um dos quais é o sector financeiro.
Na sequência da participação no projeto Banca e Ambiente, promovido em Portugal pela consultora Sustentare e pela UNEP-FI (Iniciativa Financeira inserida no Programa de Ambiente das Nações Unidas), a Quercus vem agora propôr que também a banca portuguesa siga e assuma um caminho de liderança relativamente à sustentabilidade ambiental. Porque se é verdade que o contexto económico-financeiro atual não é o melhor, é mais verdade que a crise ecológica é bem mais grave e sai mais cara que a crise financeira (http://www.teebweb.org), por isso se queremos construir uma verdadeira economia verde, ou seja, um planeta, uma Europa e um Portugal capaz de providenciar os recursos necessários para as próximas gerações, o sector financeiro tem de ter a coragem de dar este passo.
A Declaração do Capital Natural foi elaborada com base num extenso processo de consulta junto da comunidade financeira durante 2010 e 2011, incluindo encontros em Londres, Nagoya, Hong Kong, Munique, Washington D.C. e São Paulo. Entre os signatários contam-se bancos de vários países e continentes (http://www.naturalcapitaldeclaration.org/category/signatories).
A Importância do Capital Natural
O Capital Natural incorpora todos os ativos naturais da Terra (solo, ar, água, flora e fauna) e todos os seus serviços de ecossistema, que tornam possível a existência de vida humana. Produtos e serviços ecossistémicos provenientes do Capital Natural valem biliões de dólares por ano e constituem alimentos, fibras, água, saúde, energia, segurança climática e outros serviços essenciais a todos. Porém, estes serviços, ou o stock de Capital Natural que os provê, são adequadamente valorados em comparação ao capital social ou financeiro. Apesar de ser fundamental para o nosso bem-estar, o seu uso diário permanece despercebido pelo nosso sistema económico. A utilização do Capital Natural desta forma não é sustentável. O setor privado, governos e todos nós precisamos aumentar a nossa compreensão e prestar contas do nosso uso de Capital Natural, reconhecendo o custo real do crescimento económico e sustentando o bem estar humano, hoje e no futuro.
Liderança do Setor Financeiro
As instituições financeiras são parte integrante da economia e da sociedade. Como motor do crescimento económico global, o sector financeiro pode propiciar algumas das ferramentas necessárias para apoiar a transição para o desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza, oferecendo empréstimos, capital, seguros e outros produtos e serviços financeiros necessários às empresas, governos, organizações e indivíduos. Considerando que praticamente toda a atividade económica pode ter um impacto direto ou indireto no capital natural, por meio da cadeia de suprimentos, as instituições financeiras têm pegadas ecológicas indiretas consideráveis, seja por meio de seus clientes e diretamente nas suas decisões de compras. Esses impactos podem gerar riscos financeiros significativos, mas também relevantes oportunidades de negócios.
Atualmente muitas instituições financeiras não compreendem suficientemente, não consideram e, portanto, não avaliam os riscos e as oportunidades relacionados ao Capital Natural nos seus produtos e serviços financeiros (empréstimos, investimentos e seguros) e na sua cadeia de suprimentos. A construção deste conhecimento, bem como o desenvolvimento de ferramentas adequadas de valoração e gestão de riscos, para que seja considerado o Capital Natural nos processos de tomada de decisão financeira, são os primeiros passos importantes a serem tomados pelo setor financeiro.
Como membros do sector financeiro, os signatários da Declaração consideram-se como partes interessadas chave nas futuras discussões sobre valoração e proteção do Capital Natural e reconhecem que têm um papel chave nas reformas necessárias para criar um sistema financeiro que reporta e, em última instância, considera o uso, a manutenção e a restauração do Capital Natural na economia global.
Ação Governamental é necessária
Devido ao facto do Capital Natural ser parte dos 'bens comuns globais' e por diversas vezes tratadocomo um 'bem' inesgotável , os governos devem agir de forma a criar uma estrutura que regularize eincentive o setor privado – incluindo o setor financeiro – a operar com responsabilidade em relação aoseu uso sustentável. Os signatários portanto, solicitam aos governos que desenvolvam um arcabouço político claro, confiável e de longo-prazo que apoie e incentive a organizações – incluindo instituiçõesfinanceiras – a valorar e reportar seu uso de Capital Natural, e consequentemente trabalhando nosentido de internalizar os seus custos ambientais. Isso, de acordo com a Declaração, pode ser feito:
a) Exigindo que as empresas divulguem a natureza da sua dependência e seus impactos sobre oCapital Natural por meio de relatórios transparentes com informações qualitativas e quantitativas;
b) Utilizando medidas fiscais que desencorajem os negócios a erodir o Capital Natural, e que aomesmo tempo ofereçam incentivos às empresas que integrem, valorem e considerem o Capital Natural no seu modelo de negócios.
Lisboa, 15 de junho 2012
A Direção Nacional da Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza
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"A energia na Terra chega para todos", dizem as crianças de Almada
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Dia 2 - Depois do impasse, alguma bonança; EUA recebem o primeiro Fóssil do Rio
Se o primeiro dia tinha sido improdutivo, o segundo dia assim continuou, mas foi mais emotivo. Na parte relativa à economia verde e medidas de implementação, as negociações chegaram mesmo a uma ponto de rotura à suspensão dos trabalhos, nomeadamente por desentendimentos em relação ao conceito entre G77 e Europa. Mais tarde, e no que respeita à economia verde, o coordenador dos trabalhos apresentou um texto que se espera venha a receber consenso. Por outro lado, foi desesperante ouvir o porta-voz da conferência, Pragati Pascale, na conferência de imprensa diária habitual, dizendo que o ritmo dos trabalhos estava muito lento, e principalmente que mesmo sem um documento final a ser aprovado, já muito se havia atingido com a Conferência… Daí que espera-se por algum otimismo esta sexta-feira, último dia das reuniões oficiais preparatórias da Rio+20, que no entanto, ainda não tiveram uma abertura formal (por agora, são negociações temáticas em grupos).
Na abertura dos trabalhos preparatórios da Conferência do Rio +20 sobre Desenvolvimento Sustentável, os Estados Unidos da América foram os primeiros premiados com um galardão atribuído pelas organizações não governamentais de ambiente – o Fóssil do Dia. Os Prémios “Fósseis do Rio” serão apresentados diariamente ao longo das negociações destacando o país ou países que fazem o mínimo para apoiar o progresso (aliás, bloqueiam-no) sobre questões pertinentes como as alterações climáticas, a energia, florestas, e economia verde.
O prêmio de hoje, dia 14 de Junho, foi atribuído aos Estados Unidos. Este fóssil reconhece o esforço dos Estados Unidos (que se considerou a única superpotência restante) em apagar os compromissos significativos de várias partes do texto de negociação durante todo o dia de ontem e também de hoje.
Este primeiro destinatário do “Fóssil Rio” tem-se recusado sistematicamente a comprometer novo financiamento para iniciativas de desenvolvimento sustentável na Rio +20, apesar de distribuir mais de 52 mil milhões de dólares por ano para grandes poluidores - mais do que suficiente para investir em num futuro justo e sustentável em casa e no exterior.
Além disso, os EUA pretendem diluir e enfraquecer a agenda para evitar chegar a um acordo ambicioso que construa um caminho para um futuro sustentável.
Os Estados Unidos podem ter recebido o primeiro fóssil, mas os candidatos estão a ser cada vez mais, e há muitas possibilidades de eleição. A apresentação do prémio aconteceu no centro de conferências do RioCentro, organizada por jovens e organizações não governamentais de todo o mundo entre as quais a Quercus, o prémio foi anunciado numa cerimónia simbólica.